— Estrelinha, Estrelinha no céu tao linda. Ilumina com carinho, o céu da minha vida.
A Estrelinha olhou em volta. De onde veio aquela voz?
— Estrelinha, Estrelinha no céu tao linda. Ilumina com carinho, o céu da minha vida. -Voltou a ouvir a Estrelinha.
“Quem era? Porque chamava por ela?”
O seu vestido estava agora tão gasto, que quase já não emitia mais luz. No entanto, a Estrelinha, decidiu fazer mais um esforço. E imitiu uma luz suave e quente, como não fazia há muito tempo.
— Estrelinha, estrelinha no céu tao linda. Ilumina com carinho, o céu da minha vida.
Ouviu-se mais uma vez, seguido com o som de um riso.
— Quem és? – Perguntou a estrelinha. – Onde estás? Não te vejo.
— Aqui em baixo. – Respondeu a voz.
A Estrelinha olhou então para baixo. Lá viu um menino, vestindo umas roupas velhas, tão estragadas, como o seu vestido.
— Porque estás assim? – Perguntou curiosa.
— Assim como?
— Tão sujo e com uma roupa tão velha e estragada. Também vais morrer em breve?
— Morrer? Porque morreria por estar sujo e com roupas velhas? – Perguntou o menino.
— Porque nos morremos, quando os nossos lindos vestidos de luz ficam velhos e estragados. Quando desaparecem, não somos mais que simples pedras. Então caímos do céu.
— Mas eu sou um menino. – Respondeu confuso. – Eu não morro por estar sujo, ou porque as minhas roupas são muito velhas e estragadas. Nós morremos de fome, de sede e de doenças. Não somos capazes de virar pedras, mas os nossos corpos, podem se tornar pó quando morremos.
— Então és diferente de mim. – Ficou triste. – Por isso é que falas comigo, mais ninguém o faz.
— Qual é a razão, de os outros não falarem contigo? – Perguntou curioso o menino.
— Porque ninguém gosta, do meu vestido de luz. Quando eu nasci, a mãe estrela, disse que eu era especial. Era mais pequena, que as minhas irmãs estrelas, mas era capaz de produzir um brilho puro e quente. Quase tão brilhante como o sol. As outras estrelas acham o meu brilho estranho, demasiado forte. Ao meu lado, o brilho delas quase não se nota.
— Isso é triste. – Confessou o menino.
— Mas em breve, tudo será como se eu nunca tivesse existido. E ninguém mais lembrará, que eu existo.
— Lembrará sim. – Respondeu o menino. – Eu lembrarei e a mãe estrela também, se irá lembrar. Ela ama-te.
— Porquê?
— Existe motivos para se amar alguém? – Perguntou apoiando-se na beira da janela, da sua velha casa. – A minha casa, as minhas roupas e até os meus brinquedos são velhos e eu amo-os. Os meus pais, os meus irmãos, são pobres, atarefados e muitas vezes rabugentos. E eu amo-os. O sol chega todo o dia e vai embora no final do dia. E eu amo-o. A lua que brilha no céu, as estrelas, o mar, as flores, as nuvens. Todos existem, vem e vão e eu amo-os. Não existe motivo para amar, eu amo porque amo. Não tenho motivos para o fazer, mas quero o fazer.
— És estranho. – Riu a Estrelinha.
— Rir dos outros é maldade. Minha mãe diz que não devemos rir dos outros, a menos que seja para rir com eles.
— O que isso significa? – Perguntou curiosa.
— Que podes magoar os outros, mesmo que não seja o que queres.
— Rir não é bom?
— Não quando deixa, os outros tristes. – Continuou o menino. – Todos somos diferentes, eu sou pobre e esfarrapado. A minha casa é velha, a minha roupa é velha, os meus brinquedos também são velhos. Até os meus livros e mochila são velhos. Os meninos com coisas novas riem de mim, chamam-me coisas feias e troçam das minhas coisas. Isso é maldade, só porque tem tudo o que querem, não devem criticar os outros.
— É maldade? – Perguntou, pensativa a Estrelinha.
— Sim é, mas eu não estou triste por ter coisas velhas. Os meus pais, não tem dinheiro para mais. Já se esforçam muito, para eu e os meus irmãos temos teto e comida. Para mim, ir para a cama com a barriga cheia, já é um luxo. Ter uma cama quente, já é um luxo. Sabes, existem muitos meninos no mundo, que dormem ao frio e ao relento. Bebem água da chuva e passam dias sem comer nada. Eu estou feliz por ter um teto, mesmo que seja velho e pequeno.— Eu não sabia. – Ficou triste.
— Não fiques triste por mim, eu sou feliz como sou.
— Porque me chamaste?
— Porque a minha mãe me disse, que cada um de nós, tem uma estrela guia.
— Uma estrela guia?
— Sim, não sabias?
— Não.
Share this:
- Click to share on Twitter (Opens in new window)
- Click to share on Facebook (Opens in new window)
- Click to share on Tumblr (Opens in new window)
- Click to share on Pinterest (Opens in new window)
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window)
- More
- Click to print (Opens in new window)
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window)
- Click to share on Reddit (Opens in new window)
- Click to share on Pocket (Opens in new window)
- Click to share on Telegram (Opens in new window)
- Click to share on Skype (Opens in new window)
- Click to email this to a friend (Opens in new window)
2 comentários em “Estrelinha – Continuação”